Pobre e bela Santa Catarina
Publicado em 02/05/2020
Pobre e bela Santa Catarina
"Onde há fumaça, há fogo", ensina o provérbio popular. A exoneração do Secretário de Estado da Saúde diz muito sobre as reais aptidões do governo estadual em conduzir Santa Catarina na tortuosa caminhada rumo à normalidade social e econômica, indispensável para a manutenção da qualidade de vida que faz deste estado um dos mais prósperos da Federação.
Para além de uma mera substituição de cargos no primeiro escalão, soa-nos claro como a luz do dia que o governo Carlos Moisés não faz a mais remota ideia de como conciliar a continuidade das ações de combate ao coronavírus com a retomada da atividade econômica de modo responsável sob o viés sanitário, a exemplo de outros estados. A suspeitíssima aquisição de ventiladores mecânicos mediante o que já vem sendo jocosamente chamado de "fiança reversa" é apenas o exemplo mais recente de uma sucessão de condutas que destoam por completo da competência exibida em março, quando do início das medidas de restrição.
Continua não fazendo o menor sentido que o transporte coletivo não possa ser liberado com condições rigorosas de utilização, a despeito das atividades já liberadas ao longo das últimas semanas e sob as mesmíssimas condições. O governo estadual prefere largar a população à própria sorte dentro de casa, sem, no entanto, justificar com dados reais e auditáveis o porquê de tais decisões extremas. Pouco se fala no número atual de pessoas internadas, no índice de ocupação dos leitos de UTI por região e, principalmente, no número de altas hospitalares e de pessoas que se curaram da Covid-19 desde o primeiro caso registrado de transmissão local. Esses são indicadores que possibilitam analisar o comportamento da propagação.
Tamanha inação estatal, cujo ápice se revela no anúncio da saída do ordenador primário da pasta de saúde, repercute nos prejuízos amargados pelo setor produtivo. No caso de Florianópolis esses prejuízos ganham contornos dramáticos a cada dia, tendo em vista ser uma cidade notadamente de serviços privados e públicos. Ocorre que o serviço público permanece, como sempre, imune às graves sequelas da devastação econômica capitaneada pelo senhor Carlos Moisés. Suas Excelências respiram aliviadas e sem máscara, pois, como se sabe, a ajuda financeira proveniente de Brasília está devidamente assegurada e carimbada.
Enquanto isso, a iniciativa privada agoniza, tendo de lidar com a desumana burocracia imposta pelos agentes financeiros na tentativa de contrair empréstimos para honrar seus inúmeros compromissos, dos quais se destaca a manutenção dos empregos de milhões de catarinenses que não gozam dos privilégios conferidos à casta dos servidores. Não nos surpreenderemos se, apesar de tudo isso, o governo acenar com aumento de carga tributária, eterna solução fácil por quem precisa cobrir o rombo de tamanha incompetência – para não dizer outra coisa.
Pobre e bela Santa Catarina...
Diretoria CDL de Florianópolis
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