Negociações salariais são maior risco à inflação, diz BC
Publicado em 27/06/2014
Negociações salariais são maior risco à inflação, diz BC
O Banco Central trouxe uma importante constatação em seu Relatório Trimestral de Inflação, divulgado nesta quinta-feira, dia 26: a de que a espiral salários-inflação atingiu níveis preocupantes na economia brasileira. Em função da ausência de ganhos de produtividade e do continuado processo de fortes reajustes salariais nas negociações coletivas - baseados sempre na inflação pretérita e não na expectativa de inflação futura, como bem destacou o documento do BC -, os aumentos salariais dos últimos anos vêm se revertendo em aumento da inflação. O setor de serviços é expressão disso, já que tem quase que a totalidade de seus custos ancorados nos salários e vem registrando inflação constante na casa dos 9%, muito acima da média inflacionária do país. Com isso, ganhos mais contidos nas negociações salariais são extremamente necessários para ajustar a inflação atual para uma trajetória mais favorável à manutenção do poder de compra dos trabalhadores, garantindo a ampliação do mercado consumidor e a recuperação do dinamismo econômico nacional. Citando as conclusões do Comitê de Política Monetária (Copom), o relatório do Banco Central reafirmou que a dinâmica salarial continua originando pressões inflacionárias de custos, ponderando que, no horizonte relevante, "antecipam-se desenvolvimentos que tendem a contribuir para o arrefecimento dos riscos originados no mercado de trabalho". De acordo com o documento, esses fatores seriam reajustes menores do salário mínimo e dos salários do funcionalismo público. Crescimento potencial O BC avaliou, no relatório, que a composição do crescimento de curto prazo é mais favorável ao crescimento potencial da economia brasileira. Essa é uma novidade que foi incluída no capítulo do documento que trata das perspectivas para a inflação. O BC destaca que avanços da qualificação da mão de obra e no programa de concessão dos serviços públicos apontam nessa direção. Para a instituição, o que sustenta essa avaliação sobre o PIB potencial da economia brasileira é que o cenário de maior crescimento global, combinado com depreciação do real, tende a favorecer o crescimento da economia do país; e de que emergem condições mais favoráveis à competitividade da indústria e também da agropecuária. Além disso, o setor de serviços tende a crescer a taxas menores do que as registradas em anos anteriores. Essas mudanças, para o BC, estariam antecipando uma composição mais favorável ao crescimento potencial, que é a capacidade de crescimento da economia sem causar pressões inflacionárias. "Nesse contexto, em prazos mais longos, emergiriam bases para ampliação da taxa de investimento da economia, para uma alocação mais eficiente dos fatores de produção e, consequentemente, para que as taxas de crescimento do PIB retomassem patamares mais elevados", aponta o Banco Central. "O Comitê ressalta, contudo, que a velocidade de materialização das mudanças acima citadas e dos ganhos delas decorrentes depende do fortalecimento da confiança de firmas e famílias", diz o relatório. Fonte: Site Fecomércio SC / Revista Exame