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Famílias comprometem em média 42% da renda para saldar dívidas

Publicado em 14/08/2012
Famílias comprometem em média 42% da renda para saldar dívidas

Com três dívidas ativas para pagar, as famílias brasileiras comprometem em média 42% de sua renda para quitar seus débitos

Um dos principais responsáveis por esse endividamento é o uso do cartão de crédito sem o pagamento integral da fatura do mês - principalmente entre as famílias de classe C.

Os resultados estão em um estudo realizado pela Proteste Associação de Consumidores, para mapear o endividamento e discutir como é composta a dívida das famílias no país.

"A facilidade de obtenção de crédito, a falta de planejamento familiar e as altas taxas de juros praticadas pelo mercado impulsionam o endividamento", informa o levantamento realizado com 200 participantes de São Paulo e Rio que se reconheceram como devedores.

Os dados serão apresentados hoje no seminário "O consumidor e o acesso ao crédito", que acontece hoje em São Paulo, com o objetivo de discutir as conseqüências do crescimento da oferta de crédito e os seus riscos. No estudo, foram consideradas dívidas vinculadas a financiamentos, crédito, compras parceladas em cartão de crédito, lojas e carnês. Aluguéis e contas de serviço (água, luz, gás e outras) não foram incluídas.

As famílias que participaram do estudo têm renda média de R$ 2.401 e declararam pagar em média R$ 1.009,45 - o que equivale a comprometer 42% da renda para quitar dívidas.

"As instituições financeiras têm grande parte da responsabilidade neste cenário ao estimular o uso do cartão de crédito, cujas taxas de juros foram as únicas a não ter reduções recentemente. Mantêm-se os juros estratosféricos que colocam a pessoa em uma situação de endividamento praticamente impagável", informa a entidade de defesa do consumidor.

ENDIVIDAMENTO POR CLASSE
Ao observar o comprometimento da renda para quitar as dívidas, o estudo verificou que o percentual da renda empenhado para pagar os débitos é ainda maior na classe C - chega 46,36%, quatro pontos percentuais acima da média.

As dívidas mais comuns são o parcelamento de compras no cartão de crédito, o parcelamento de faturas com os débitos do cartão e dívidas decorrentes de saques feitos com cartão de crédito.

Três em cada dezs entrevistados afirmam que ainda não liquidaram nenhuma de suas dívidas ainda.

O valor das dívidas é inferior a R$ 500 para 56,6% das famílias. Mas para 38,8% está acima de R$ 5.000, segundo mostra o estudo.

Mais da metade deles têm dívidas de curta duração - períodos de até três meses. E 32% têm endividamentos (valores emprestados ou financiados) por mais de três anos.

PARA QUEM DEVEM
O levantamento aponta que, entre os dez maiores credores, estão cinco lojas - o que mostra que o crédito para o consumo é ainda um dos mais difundidos entre os entrevistados - e quatro instituições financeiras.

No ranking dos principais credores apontados no estudo estão: banco Itaú, Bradesco, Casas Bahia, Santander, pessoa física (o que indica que crédito informal também é uma fonte importante de empréstimo), C&A, Renner, Leader, Caixa Econômica Federal e Marisa.

LABIRINTO
De acordo com o estudo da Proteste, entre os que têm dívidas de valor mais elevado é comum fazer dívidas menores para tentar quitar o débito principal.

São 46,5% os que responderam que fizeram novo empréstimo para pagar uma dívida.. Cerca de 10% dos entrevistados que se viram em situação difícil de endividamento tiveram de se desfazer de algum bem para amortizar ou liquidar a dívida. Entre os principais bens citados estão carro (57,1%), máquina de lavar, jogos eletrônicos e jóias.

A maior parte dos entrevistados que se considera endividada acredita que conseguirá se livrar da dívida em um prazo de mais de 180 dias, considerado de médio prazo.

São poucos os que afirmam ter recorrido à Justiça, ao Procon ou a alguma associação de defesa do consumidor para negociar suas dívidas.

Entre os 11,5% que informaram ter recorrido, os principais motivos são cobrança indevida, juros abusivos e para retirar o nome do SPC e Serasa.

"As altas taxas de juros contribuem de forma significativa para a queda da qualidade de vida das famílias brasileiras", diz o estudo.

QUEM SÃO
A maioria dos entrevistados é composta por pessoas da classe C (60,5%). Outros 27,5% pertencem à classe B; 9,5 são da D. O restante (2,5%) são pessoas da classe A.

Dos 200 entrevistados, 26,4% têm de 45 a 54 anos, e 24,4% estão na faixa de 25 a 4 anos.

Deles, 64% são homens e 40,5% têm ensino médio completo. Setenta e nove por cento possuem renda de até cinco salários mínimos.

Desses consumidores, 47,5% afirmaram que têm caderneta de poupança. E, desse grupo, 51,6% têm o costume de poupar.

Mais da metade dos que participaram do levantamento (56%) afirma ter um ou dois cartões de crédito.

Fonte: Folha.com

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