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Entidades de SC defendem cortes de privilégios do poder público

Publicado em 06/04/2020
Entidades de SC defendem cortes de privilégios do poder público

Esse é o momento para que o poder público aja em favor de todos os brasileiros e reduzam, por três meses, os salários

As dificuldades que União, governos e prefeituras têm a enfrentar nos próximos meses para manter os serviços públicos e o combate à Covid-19 com o mesmo orçamento que não previa uma pandemia como a que o País está vivendo.

O Grupo ND sugere que esse é o momento para que os poderes Executivo, Legislativo, Judiciário e o Ministério Público ajam em favor de todos os brasileiros e reduzam, por três meses, os salários dos funcionários públicos, com exceção dos servidores que atuam nas áreas de saúde e segurança.

O presidente da Fecam (Federação dos Municípios de Santa Catarina), Saulo Sperotto, afirmou que todos os poderes devem dar sua contribuição e se adequar para enfrentar a crise.

No caso dos municípios, Sperotto, que é prefeito de Caçador, disse que todos foram orientados a paralisar qualquer investimento ou novo programa para canalizar os recursos na área da saúde.

“Precisamos todos fazer uma reflexão profunda sobre todos os custos administrativos. Nos últimos anos a economia ficou estagnada, mas a folha de pagamento, por exemplo, cresceu vegetativamente e não para de crescer. Isso tira a possibilidade de investimentos”, salientou Sperotto.

Segundo a avaliação do presidente da Fecam, os municípios vão enfrentar problemas para honrar compromissos, como pagar servidores e fornecedores. “Todos serão afetados pela desaceleração da economia. Caçador é o sexto exportador de Santa Catarina e já sente os reflexos da crise. Se os municípios pararem, para o Brasil”, afirmou.

Para Sperotto, os governos dos estados e o federal devem ajudar os municípios, que são os principais responsáveis por cuidar das pessoas.

“Nós do executivo podemos e devemos nos ajustar, mas os outros poderes têm que fazer a parte deles. Há muitas reformas a serem feitas, muito a ser revisto. Daqui para frente, após a pandemia, vamos viver um momento muito diferente do que conhecemos até agora”, disse.

Legislativo pode fazer mais

O presidente da Câmara de Vereadores de São José, Michel Schlemper (MDB), disse que “todos devem fazer um sacrifício” pensando na coletividade e que nesta segunda-feira (6) os vereadores josefenses irão votar a redução de salários do legislativo municipal por 90 dias.

Schlemper disse que reduzir vencimentos é uma das atitudes que podem ser tomadas, mas que outras ações devem ser pensadas e postas em prática para a sustentabilidade do serviço público de todas as esferas.

Segundo a avaliação dele, os poderes têm que rever privilégios e todos os custos. “A classe política tem que pensar até de forma solidária em relação as demais pessoas da sociedade que não têm tantos privilégios e altos salários. Os gastos têm que ter uma justificativa de interesse dos cidadãos”, opinou Schlemper.

Ele disse que os vereadores de São José não têm carros particulares ou verba de gabinete e que desde repassou à Prefeitura R$ 3 milhões para serem aplicados no combate ao coronavírus.

Dividir a conta

“A conta tem que ser paga por toda a sociedade e o poder público tem que dar a sua parte. A iniciativa privada não pode ser mais uma vez prejudicada”, disse o presidente da Fiesc (Federação das Indústrias de Santa Catarina), Mario Aguiar.

Para ele, a cobrança que a classe empresarial e a sociedade civil estão fazendo ao Executivo, Legislativo e Judiciário demonstra a insatisfação geral com os gastos públicos.

Aguiar destacou que ainda não percebeu nenhum movimento de contribuição do setor público no enfrentamento da pandemia de Covid-19 e dos consequentes abalos econômicos que o Estado e o País já vivem.

Para ele, é preciso discutir qual o modelo de país que o Brasil vai adotar pós-pandemia. “Os serviços de saúde, segurança, educação e todos os outros serviços públicos têm que ser eficientes. Para isso é preciso rediscutir os custos com efetivo e estabilidade de emprego. Na iniciativa privada houve redução de jornada de trabalho e de salários, o que ainda não ocorreu no setor público”, pontuou.

A expectativa do presidente da Fiesc é de que o fim da pandemia ocorra o mais breve possível, no entanto não é possível prever, pois a situação é dinâmica.

“O que podemos afirmar é que teremos um grande impacto na economia e precisamos do apoio do poder público para enfrentar essa situação”, opinou Mario Aguiar.

Futuras medidas em discussão

A Prefeitura da Capital foi uma das primeiras da Grande Florianópolis a decretar a redução dos salários do prefeito, vice-prefeito e secretários municipais como medida de economia com objetivo de reforçar recursos para o combate ao coronavírus.

De acordo com Gean Loureiro (DEM), prefeito de Florianópolis, o município possui um comitê gestor estudando, desde o início da crise, medidas de contenção de gastos. “Iniciamos por quem lidera, e por isso reduzi o meu próprio salário, assim como dos secretários municipais”, apontou.

Loureiro afirmou que os próximos meses serão difíceis, com baixa arrecadação no município e, ao mesmo tempo, a necessidade de um investimento maior em saúde e na assistência social. “Vamos continuar estudando e discutindo com responsabilidade para definir futuras medidas”, garantiu.

Fonte: ND Mais
Foto: Divulgação/CMSJ/ND

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