Clipping Diário - 30/08/2014
Publicado em 30/08/2014
Clipping Diário - 30/08/2014
NEM PIBINHO
Forte queda nos investimentos, freada no consumo das famílias e indústria sem recuperação à vista derrubam Produto Interno Bruto brasileiro no segundo trimestre em 0,6%. IBGE também revisa resultado do primeiro trimestre, que passa a ser negativo. Especialistas debatem se país está em recessão ou estagnado.
A um mês das eleições, o retrato revelado ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostra a economia brasileira em situação frágil e preocupante. O país registrou dois trimestres seguidos de queda pela primeira vez desde o fim de 2008, época do auge da crise internacional. De janeiro a março, o resultado foi revisto para redução de 0,2%. E de abril a junho, sob impacto negativo da Copa, de freada do consumo das famílias e forte retração dos investimentos, o recuo foi ainda mais expressivo, de 0,6%. O quadro da economia se divide entre recessão e estagnação, segundo especialistas, mas todos concordam que o resultado é muito ruim para um país em desenvolvimento.
Os investimentos em máquinas para a produção, transporte, agropecuária, energia, entre outros, tiveram as maiores quedas desde o auge da crise internacional, entre 2008 e 2009. Já são cinco trimestres seguidos em queda. E desta vez, no segundo trimestre, chegou a 5,3%. Esse componente é tido como dos mais importantes do PIB, pois sinaliza o quanto a economia terá capacidade de crescer no futuro por meio do aumento da sua capacidade produtiva e da infraestrutura.
– O destaque negativo são realmente os investimentos. O menor resultado antes desse foi no primeiro trimestre de 2009, quando caíram 11,8% – comparou Rebeca Palis, gerente da coordenação de contas nacionais do IBGE.
O consumo das famílias teve, pelo menos, o 43o trimestre consecutivo de alta (na comparação com igual período do ano anterior), mas, sob impacto do endividamento e da escassez de crédito, houve redução no ritmo.
Do primeiro para o segundo trimestre, ditaram o tombo do PIB a indústria e os serviços, com quedas de 1,5% e 0,5%, respectivamente. A agropecuária teve leve alta de 0,2%.
Risco de perder a sétima posição
O assunto entrou de vez no debate eleitoral. Enquanto os candidatos à Presidência aproveitaram para criticar a política econômica do governo, a presidente Dilma Rousseff citou o excesso de feriados, por causa da Copa do Mundo, e a economia internacional como responsáveis pelo resultado. A maioria dos economistas discorda dessa avaliação.
Que crise? A estagnação é efeito direto da política econômica do governo – disse José Luís Oreiro, professor do Instituto de Economia da UFRJ, criticando a falta de estratégia na gestão da economia e lembrando o forte crescimento nos Estados Unidos.
Hoje, o país é a sétima maior economia do mundo. Mas já se projeta a perda dessa posição no futuro. A Índia pode ultrapassar o Brasil antes do previsto pelo Fundo Monetário Internacional (FMI). Nas projeções da instituição, a nação país asiática superaria a economia brasileira em 2018. O estrategista-chefe do Banco Mizuho, Luciano Rostagno, considera bastante provável que isso ocorra já em 2017.
O Brasil, que chegou a se aproximar do sexto lugar, agora fica mais afastado e pode até perder esse patamar antes do previsto – disse Rostagno.
O que é o PIB
Soma de tudo o que é produzido pela economia de um país, o Produto Interno Bruto (PIB) se assemelha em vários aspectos com a receita de um bolo. Tanto um como o outro precisam de ingredientes variados para crescer. Enquanto o bolo necessita de açúcar, ovos, farinha e fermento, na economia soma-se renda, lucros, gastos e investimentos de todos os trabalhadores, empresas e do governo de um país. No segundo trimestre, o bolo ficou em R$ 1,27 trilhão.
Fonte: Diário Catarinense – Economia – 30-08
CENÁRIO ESTADUAL
INDÚSTRIA, AGROPECUÁRIA E setor de serviços no Estado repercutiram a segunda queda do PIB brasileiro. Enquanto a agricultura e o comércio continuaram crescendo, mas em ritmo mais lento, a produção industrial sentiu a desaceleração.
As duas quedas seguidas do PIB, que caracterizam uma recessão técnica, repercutiram nas federações que representam a Indústria, a Agricultura e o setor de Serviços em SC. Os prognósticos não são positivos, mas aparentam um cenário melhor para o Estado em comparação com os resultados do país.
De forma geral, a desaceleração pode ser sentida nos dados de criação de empregos em Santa Catarina. De janeiro a julho do ano passado, o Estado registrava um crescimento de 3,5% no número de vagas. No mesmo período neste ano, esse número caiu para 3%. Segue em crescimento, mas em ritmo menor.
O presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Santa Catarina (FAESC), José Zeferino Pedrozo, explica que o setor ainda vive um bom momento, apesar da queda nacional do PIB. A agricultura está há três anos com boas vendas em volume e preço devido a uma quebra de safra nos Estados Unidos, causada por uma seca.
Na pecuária catarinense, o setor também desfruta de bons resultados com o início das vendas da carne suína para o Japão.
Temos avisado nosso pessoal. É a velha história das vacas gordas e das vacas magras. Vai chegar a hora em que nós vamos sofrer também.
A indústria catarinense sente a desaceleração, em especial, na queda da produção industrial. De janeiro a junho, houve uma retração de 1,7%. Mas o número é melhor do que o registrado no cenário nacional: queda de 2,6%.
As expectativas ainda não são positivas. Mas a gente acredita que o pior momento passou. Só que a retomada dos investimentos depende de uma maior confiança – explica a economista Graciella Martignago, consultora da Federação da Indústrias de Santa Catarina.
O setor de comércio e serviços vinha crescendo a uma média anual próxima do aumento de 2012, 8% no ano. Nos últimos 12 meses, cresceu 3% em SC.
Fonte: Diário Catarinense – Economia – 30-08
Pressão por desfechos
Santa Catarina tem uma série de obras vitais para o desenvolvimento, mas que, por razões diversas, não deslancham. Administradores públicos e sociedade precisam unir forças para que elas sejam realizadas.
Restauração da Ponte Hercílio Luz. Duplicação da SC-403. Construção do contorno rodoviário da Grande Florianópolis. Duplicação da BR-280. Construção do novo terminal do Aeroporto Internacional Hercílio Luz. Duplicação da BR-470. Duplicação integral do trecho Sul da BR-101. O andamento das obras listadas acima não condiz com as promessas nem com a importância delas para o desenvolvimento de Santa Catarina.
Vitais até para a sobrevivência econômica do Estado num ambiente cada vez mais competitivo entre as unidades da federação, esses empreendimentos simbolizam os anseios de toda uma sociedade e devem continuar sendo prioridade dos gestores públicos. Do ponto de vista desenvolvimentista, a batalha por novos investimentos e por empresas de renome internacional é cada vez mais baseada em condições logísticas e de infraestrutura, e não apenas de benefícios fiscais diretos. Sob a ótica humana não há como medir os transtornos e o número de vidas perdidas em decorrência das obras inconclusas.
Todas as frentes devem mobilizar-se para que obras de tamanha importância não se transformem em novelas sem desfecho – em alguns casos sequer sem os primeiros capítulos escritos. Um primeiro passo para a retomada dos trabalhos paralisados é o aperfeiçoamento dos mecanismos gerenciais – a começar pelos setores da administração pública que redigem editais. É preciso que os textos para a escolha dos executores das obras, sempre dentro da maior transparência e do rigor da lei, prevejam eliminar já na arrancada os maus prestadores de serviço. Na sequência, cabe aos governos uma gerência mais atenta e célere das obras para tomadas de decisão – até as mais radicais, como rompimentos de contrato – dentro de prazos mais adequados. No caso de obras federais, é preciso que os representantes do Estado tenham postura mais rígida na hora de cobrar a realização dos trabalhos e que não aceitem passivamente as justificativas apresentadas.
Por fim, a sociedade tem a obrigação de ser a grande fiscalizadora de todo processo. Entidades de classe devem usar o poder de mobilização para manter o comprometimento dos administradores públicos com a realização dessas obras. Já os cidadãos podem contribuir usando as melhores ferramentas ao seu alcance, que são o voto em candidatos comprometidos e a cobrança após as eleições.
Fonte: Diário Catarinense – Editorial – 30-08