Clipping Diário - 06/04/2014
Publicado em 06/04/2014
Clipping Diário - 06/04/2014
Com jeito brasileiro Depois da queda das exportações com a crise no exterior, indústria moveleira catarinense investe para ganhar público nacional Os móveis catarinenses já levaram o carimbo tipo exportação: até 2005, o setor respondia por mais de 50% dos embarques nacionais do produto, que tinha no mercado externo o principal cliente. Com a valorização do real e a crise internacional, o polo foi obrigado a se reinventar e descobrir como adaptar os produtos para o gosto brasileiro. O cenário de vendas da indústria de móveis catarinense se inverteu na última década. Se em 2005 as exportações representavam 70% da receita do setor e somavam US$ 449 milhões, em 2013 o volume de embarques ficou restrito a US$ 197 milhões. – Para não quebrar, a produção da indústria teve de migrar aos poucos para o mercado interno – diz Arnaldo Huebl, presidente da Câmara de Desenvolvimento da Indústria do Mobiliário da Federação das Indústrias de Santa Catarina (Fiesc). Indústria se adapta para fabricar novos modelos O polo moveleiro do Planalto Norte, que reúne São Bento do Sul, Rio Negrinho e Campo Alegre, passou pela transformação. Um dos desafios foi adaptar o parque fabril. A Seiva Móveis, de São Bento do Sul, chegou a ter três fábricas. Cerca de 70% da produção eram voltados para o exterior. Com o dólar desvalorizado a empresa parou de exportar. Duas unidades foram fechadas e houve um corte de 23% no quadro de funcionários nos últimos dois anos. Para se adaptar à nova realidade, a companhia precisou buscar clientes dentro do país. – Diversificamos os públicos-alvo e aumentamos nosso mix. Ficamos menores, mas reduzimos custos e saímos do vermelho – diz Kassio Alexandre Costa, gerente da empresa. MÓVEIS CATARINENSES Estratégias para crescer no mercado Ganhar a preferência do consumidor brasileiro exigiu da indústria catarinense ampliar o investimento em design. A Meu Móvel de Madeira acabou fechando a fábrica que tinha em Rio Negrinho em 2010, para começar do zero uma nova companhia. De 300 funcionários, a empresa passou a contar com oito colaboradores. A produção foi terceirizada, o foco ajustado para o mercado interno e a plataforma de vendas saiu da loja física para o e-commerce. – Na exportação, não fazíamos o design dos produtos, apenas fabricávamos os pedidos. E o objetivo era o preço baixo – diz Ronald Heinrichs, presidente da empresa. Heinrichs diz que os produtos para o mercado interno se adaptaram ao gosto do brasileiro. – O apartamentos no Brasil estão cada vez menores. A tendência é de móveis compactos e funcionais – diz. Investimentos para novos produtos A Enele, de São Lourenço do Oeste, ampliou seu parque fabril e investiu R$ 2 milhões em equipamentos e R$ 1,5 milhão na área construída. A empresa criou uma unidade exclusiva para desenvolvimento de produto, onde trabalham cinco pessoas. – É um setor que trabalha 12 meses por ano para desenvolver projetos exclusivos – destacou o diretor-proprietário da empresa, Nivaldo Lazzaron Júnior. A empresa tem 70 modelos de móveis e 40 modelos de estofados e conta com 250 funcionários. Para a Katzer, de São Bento do Sul, a especialização na fabricação de uma linha específica ajudou na adaptação e não afetou tanto as exportações, explica o diretor Anor Evaldo Katzer. Ao gosto do freguês - Cores mais claras: o mercado externo demanda móveis mais escuros, feitos de pínus, com os nós da madeira aparentes, enquanto o mercado nacional prefere tons claros e madeiras como eucalipto - Uso de MDF: para exportação, a madeira de reflorestamento era a matériaprima mais usada. O material é uma chapa de fibra derivada da madeira – é mais barata e competitiva no mercado nacional - Dimensões menores: o padrão dos móveis nos EUA é maior do que no Brasil. Com imóveis cada vez mais enxutos no Brasil, a indústria teve de readequar projetos e fabricar peças menores e mais leves - Investimento em design: acostumadas a fabricar móveis sob demanda, a indústria precisou investir em pesquisa e desenvolvimento para criar novas peças Fonte Diário Catarinense – 06.04