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Moisés (PSL) fez autocrítica quanto ao diálogo com legislativo, mas após abertura do processo, afirmou que decisão se baseia em argumentos frágeis e revela "interesses políticos"

“Nem tudo andou bem”, afirma o Governador Carlos Moisés (PSL) em carta enviada ao Parlamento catarinense, lida pela deputada e líder do governo Paulinha (PDT) durante a votação do processo de impeachment, nesta quinta-feira (17).

No documento, o chefe do executivo Estadual faz autocrítica quanto ao diálogo com o legislativo, que nesta quinta votou pelo afastamento de sua vice, Daniela Reinehr (sem partido).

Em pouco menos de uma página, Moisés reafirma seu compromisso em governar o Estado de Santa Catarina até 2022 com diálogo entre os poderes.

“É preciso unir esforços para vencermos os desafios impostos pela pandemia do coronavírus. Precisamos estar unidos. Para o bem de todos que vivem aqui. Nenhum Poder, isoladamente, alcançará êxito na solução dos anseios da sociedade catarinense”, diz a carta, lida na Alesc (Assembleia Legislativa de Santa Catarina).

Depois da carta cordial, a nota fervorosa

Encerrada a votação, Moisés lamentou a decisão, afirmando que a “pressa com a qual o presidente do Parlamento estadual levou o tema a plenário revela tão somente os interesses políticos daqueles que buscam o poder para fins pessoais e não respeitam o voto dos catarinenses, atentando contra a democracia.”

O documento, de título “Crença na Justiça”, ressalta que a ação se baseia em um “frágil argumento” e que não tem justa causa legal, nem apresenta irregularidades.

O chefe do executivo categoriza a estocada do legislativo como “ataques e e tentativas de desestabilização”.

Como foi o processo

Os 40 deputados estaduais que compõem a Alesc votaram pela abertura do processo de impeachment do governador e de sua vice.

Foram 32 votos pedindo o afastamento, embasados na tese de que Moisés cometeu crime de responsabilidade ao prover aumento salarial, através de processo administrativo, aos procuradores do Estado em 2019.

A medida tomada por Moisés equiparou os salários da categoria com a dos procuradores da Alesc. Assim, o salário dos procuradores do Estado passaram de R$ 30 mil para R$ 35 mil, representando um custo de R$ 700 mil por mês aos cofres públicos.

Confira a carta na íntegra:

Nestes pouco mais de 20 meses de Governo procurei entregar o melhor para o povo catarinense. Muito foi feito e entregue. Mas não é o momento para esse tipo de avaliação. É preciso reconhecer que no campo político nem tudo andou bem.

Falhamos no diálogo com o Parlamento catarinense. Precisamos ouvir mais as Deputadas e os Deputados Estaduais. Apesar de sempre mantermos o irrestrito respeito ao Poder Legislativo catarinense, a verdade é que o Governo do Estado errou no relacionamento ofertado até aqui a cada um dos 40 membros dessa Casa Legislativa. Falhamos neste aspecto, inegavelmente. Identificar e reconhecer este erro nos permite fazer os ajustes necessários. E eles já começaram a ser feitos.

Renovo meu compromisso de bem governar Santa Catarina até 31 de dezembro de 2022, com o amplo e irrestrito diálogo com os 40 Deputados Estaduais, sem exceção. É preciso compartilhar poder, unir esforços, dialogar incansavelmente, possibilitando que os anseios do Legislativo reverberem em ações do Executivo. Nada disso afasta a manutenção firme dos propósitos da boa governança. Pelo contrário! Permite que o Parlamento estadual colabore para o aperfeiçoamento dos instrumentos de controle e gestão, para que erros não venham a ocorrer na estrutura administrativa catarinense.

Com essas breves e respeitosas palavras me dirijo às Senhoras e aos Senhores Deputados Estaduais, nesse momento tão delicado para o Estado de Santa Catarina. É preciso unir esforços para vencermos os desafios impostos pela pandemia do coronavírus. Precisamos estar unidos. Para o bem de todos que vivem aqui. Nenhum Poder, isoladamente, alcançará êxito na solução dos anseios da sociedade catarinense.

Renovo, assim, meu compromisso de bem governar o Estado de Santa Catarina, com franco e respeitoso diálogo com os demais Poderes constituídos, em especial com Vossas Excelências, que representam o povo catarinense e saberão bem reconhecer as inconsistências flagrantes do presente processo de impeachment.

Fonte: ND Mais
Foto: Anderson Coelho/ND