Nesse cenário de desabastecimento de combustíveis e de mantimentos básicos que resulta de ações de paralisação do transporte de bens e insumos em modais rodoviários – por sinal, um dos maiores erros estratégicos de um País de dimensões continentais como o nosso –, a CDL de Florianópolis entende que o momento por que passamos, por mais preocupante que seja, é altamente auspicioso para uma discussão nacional que não pode mais ser adiada: a draconiana política tributária brasileira e as gravíssimas distorções que promove na economia.
Se por um lado o Poder Público literalmente estrangula as forças produtivas e o consumidor com tributos escorchantes, por outro lado não se esforça como deveria para dar ao contribuinte o retorno devido – consequência que se revela em serviços públicos básicos cada vez mais precários e em proporção inversa ao crescimento desenfreado dos gastos de custeio de uma máquina pública entorpecida por tantos privilégios e sinecuras.
Não soa crível, a essa altura dos acontecimentos, que o combalido Governo Federal queira mais uma vez solucionar um impasse circunstancial sem atacar as reais causas do atoleiro econômico em que nos encontramos. Em outras palavras, repete os erros do passado recente, interferindo politicamente na tarifação dos combustíveis, à medida que acena com a reoneração de todos os demais segmentos produtivos. É querer brincar com fogo.
Assim, os segmentos de comércio, indústria e serviços da Capital são duplamente feitos de reféns pelo próprio Poder Público, ora pelo peso cada vez maior de obrigações tributárias as mais diversas, ora pela incapacidade de nossos governantes em oferecer uma solução rápida, efetiva, justa, perene e capaz de fazer com que o País volte a produzir.
Fato é que o brasileiro está chegando a um ponto de perigosa intolerância com o enorme fardo que carrega para empreender. Neste aspecto, não discutimos a legalidade das ações de paralisação nas estradas, mas há de se concordar com o espírito de tamanha insurgência, pois é o que o empresário vivencia todos os dias ao tentar sobreviver no mercado e gerar renda e empregos. Portanto, a CDL de Florianópolis exige dos Poderes constituídos a altivez necessária para enfrentar o inadiável de modo a conferir aos brasileiros em geral e à iniciativa privada em particular um mínimo de justiça tributária e normalidade institucional.